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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Intermezzo #01

Façamos uma Pausa para Pensar:

 
Justiça, Suprema Corte do Canadá em Ottawa. É interessante como essa representação
é sombria e, detalhe, tem os olhos abertos.

O texto a seguir, feito como atividade de Sociologia Geral e Antropologia, trata das últimas eleições - do dia 03 de outubro -, mais precisamente, dos seus resultados. Embora não seja um texto que verse sobre Justiça, seria interessante que o leitor refletisse sobre a relação entre ambos: o texto e a Justiça.

Picadeiro, não!

"Mas as pessoas da sala de jantar
São preocupadas em nascer e morrer"

(Panis et Circenses, Os Mutantes)


para a Justiça, meu ideal.
        

  No dia 03 de outubro ocorreu mais uma eleição presidencial. Neste dia votou-se para deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. Pode-se dizer que foi uma eleição normal, alguns estados decidiram seus governadores logo no primeiro turno, a contagem de votos em alguns locais do país demorou mais do que em outros, a decisão presidencial ficou para o segundo turno, enfim, tudo normal se não fosse a eleição para deputado federal do palhaço Tiririca.

Com quase 1,4 milhões de votos Tiririca foi o deputado federal mais bem votado do Brasil desde a eleição de Enéas Carneiro, morto em 2007, que em 2002 recebeu 1,571 milhão de votos. Com slogans como "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto", ou "Pior do que tá não fica, vote Tiririca", o candidato à Câmara por São Paulo gerou polêmica: o que fez o candidato ser eleito afinal? A revolta dos eleitores com as “palhçadas” no Congresso Nacional, que encontraram na imagem de Tiririca uma forma de protesto, ou a falta de consciência da importância política da representação parlamentar por parte da população, que também não leva a sério os ideais democráticos?

Arriscar uma resposta imediatista é correr o risco de incorrer em preconceitos. Analise-se, pois, as duas hipóteses levantadas acima.

É possível, sim, que a eleição de Tiririca tenha sido uma forma de protesto contra as falhas que Brasília tem cometido com os brasileiros nos últimos anos. Eleger um palhaço, porque assim é que Tiririca se classifica, é chamar o Congresso Nacional de Circo; os mais críticos ou céticos é capaz que concordem com isso. Caixas dois e mensalões foram práticas comumente vistas entre os representantes do povo nesses últimos anos. Nessa hipótese não seria incorrer em erro afirmar que, elegendo um palhaço, "Pior do que tá não fica [...]".

Do mesmo modo acreditar que a população brasileira não tem consciência da importância política da representação parlamentar e não leva a sério os ideais democráticos também é possível. Ao escolher um palhaço como representante diz-se que qualquer um, até aquele que não leva os direitos a sério, pode representar uma nação. Qualquer um pode, de fato, representar um povo, desde que respeitado alguns requisitos básicos; impedir isso é desrespeitar os dizeres constitucionais: “todos são iguais perante a lei” (Art. 5° CF/ 88). Porém, é imortante lembrar – e ressaltar – que os senadores e os deputados federais são os elaboradores das leis de um país que, se deseja ser respeitado, tem que ter seriedade na sua representação.

Portanto, tenha sido Tiririca eleito como forma de protesto ou por falta de consciência, o candidato agora eleito deverá empenhar-se em representar dignamente o povo que por ora representa, apresentando, para tanto, boas propostas que engrandeçam e melhorem a lei e a realidade do país. Palhaço ou não a Câmara tem de ser levada a sério por mais difícil que isso seja.